terça-feira, 25 de outubro de 2011

Um pouco da vida de um policial militar!


O que é ser Policial Militar
Como policial militar, enfrentei o maior choque cultural de minha vida, ao ter de argumentar com todo tipo de pessoas, do mendigo ao magistrado, entrar em todo tipo de ambiente, do meretrício ao monastério.
Como policial militar, fui parteiro, quando não dava tempo de levar as grávidas ao hospital, na madrugada, fui psicólogo quando um colega discutia com a esposa, diante da incompreensão dela, às vezes, com a profissão do marido.

Como policial militar, fui assistente social, quando tinha de confortar a mãe de alguma vítima, assassinada por não possuir algo de valor que o assaltante pudesse levar, fui borracheiro e mecânico, ao socorrer idosos e deficientes com pneus furados. Como policial militar, fui pedreiro, ao participar de mutirões para reconstruir casas destruídas por enchentes, fui paramédico fracassado, ao ver um colega ir a óbito a bordo da viatura, fui paramédico realizado, ao retirar uma espinha de peixe da garganta de uma criança.

Como policial militar fui apedrejado por estudantes da mesma escola na qual estudei. Fui obrigado a me tornar gladiador em arenas repletas de terroristas, que são membros de torcidas organizadas, em jogos de times pelos quais nem torço.


Como policial militar, sobrevivi a cinco graves acidentes com viaturas, na ânsia de chegar rápido aquela residência onde a moça estava sendo estuprada ou na qual um idoso estava sendo espancado. Fui juiz da vara cível, apaziguando ânimos de maridos e mulheres exaltados, que após a raiva uniam-se novamente e voltavam-se contra a polícia.

Como policial militar, fui atropelado numa blitz, por um desses cidadãos que por medo da polícia, afundou o pé no acelerador e passou por cima de vários colegas, arrisquei-me a contrair vários tipos de doenças, ao banhar-me com o sangue de vítima às quais não conhecia, mas que tinha obrigação de tentar salvar.

Arrisquei contaminar toda minha família com os vários tipos de doenças, pois, ao chegar em casa, minha esposa era a primeira a me abraçar, nunca se importando com o cheiro acre de sangue alheio, nem com as manchas que tinha de lavar da minha farda.

Como policial militar, fui juiz de pequenas causas, quando em minha folga, alguns vizinhos me procuravam para resolver seus problemas, fui advogado separando na hora da prisão, os verdadeiros delinqüentes dos “laranjas”, quando poderia tê-los posto no mesmo barco. Fui o homem que quase perdeu a razão, ao flagrar um pai estuprando uma filha, enquanto a mãe o defendia.

Como policial militar, fui guardião de mortos por horas a fio, sob o sol, a chuva e a neblina, á espera do rabecão, que já lotado, encontrava dificuldade para galgar uma duna mais alta, ou para penetrar numa mata mais densa. Fui o cara que mudou todos os hábitos para sempre, andando em estado de alerta 25 horas por dia, sempre com um olho no peixe e outro no gato, confiando, desconfiando.

Como policial militar, fui xingado, agredido, discriminado, vaiado, humilhado, espancado, rejeitado, incompreendido.

Na hora do bônus, esquecido.

Na hora do ônus, convocado.

Tive de tomar em frações de segundos, decisões que os julgadores, no conforto de sues gabinetes, tiveram meses para analisar e julgar. E mesmo hoje, calejado, ainda me deparo com coisas que me surpreendem, pois, afinal ainda sou humano.

Não queria passar pelo que passei, mas fui voluntário, ninguém me laçou e me enfiou dentro de uma farda, não é?

Observando-se por essa ótica, é fácil ser dito por quem está “de fora”, que minha opinião não importa, ou que simplesmente, não existe.

AMO O QUE FAÇO, E FAÇO PORQUE AMO!

Deus abençoe vocês!